02 fevereiro 2007

MÃNHA LUSITANA

É sabido que em matéria de desgraças ninguém bate o português.
Colectiva ou individualmente.
Olhem para esta preciosidade que me caiu no regaço:
- Mal consigo arrastar as botas com a trouxada que levei.
Diz em voz gemida o cliente, conhecido, que acaba de entrar.
- Tivesses a dor no lombo que se me espeta como uma navalha...
Dá de troco o tasqueiro, desprezando o infortúnio do primeiro.
- As pernas ainda aguento eu, o repuxar da ciática é que me mata.
Continua o primeiro reforçando o queixume.
- Ciática tenho eu, há anos, meu amigo e já nem lhe ligo.
Arremessa o tasqueiro com ar de desafio - a idade avantajada sobre o primeiro augura-lhe um desfecho favorável neste rosário de desgraças que se adivinha.
O cliente - homem novo, com ar folgazão, pinta de quem se governa à custa da Segurança Social e olhar meio manhoso antevendo, que a messas com desgraças, terá uma derrota vergonhosa, fita o taberneiro com ar de vitória incontestável e fulmina-o com um "mas eu, sou mais novo!!"

7 comentários:

ATF disse...

com o devido respeito, este post recorda-me um diálogo entre dois velhos. aliás, uma bela e ternurenta resposta de um velho para outro quando este ultimo lhe avisava: - Olha-me só aquela miuda pá...que brasa!!! e o outro velho simplesmente respondeu: - e coiso pra ela?

Rubia disse...

...credo... é deprimente.
Mas pra isso tenho sp solução: faço 500 m e já tou em España!

jg disse...

Epá, a rubia, que é portuguesa como nós, tem a gasolina mt mais barata.
Rubia, a postagem "mãnha lusitana" é para divertir e não para deprimir!!

Marreco disse...

Impec...
Haviam de conhecer a minha avó...tem essas doenças todas e as nossas, já teve 3 vezes!!!
Ainda não vai é à tasca, ainda!!!!

TR disse...

Que bela conversa!!
O novo deve ser mesmo muito mais novo para uma resposta assim cruel!

jg disse...

TR, a resposta do mais novo não tem a ver com crueldade. É apenas um argumento para arrasar o oponente, candidato a maior desgraçadinho.

Anónimo disse...

Enquanto o saco dos medicamentos não for maior que a mala da roupa, não se é um verdadeiro doente.