25 março 2011

PARA MEMÓRIA FUTURA

"Imagine o leitor que o primeiro-ministro David Cameron, num dia decisivo para o futuro político e económico do Reino Unido, resolvia abandonar a Câmara dos Comuns logo no início do debate. Não por motivos de saúde; não porque alguém resolvera declarar guerra ao país; mas porque, simplesmente, tinha mais que fazer do que aturar o Parlamento. O que diria a ‘inteligência’ britânica do caso? E o que diria o cidadão comum? A pergunta é absurda porque o cenário é impensável: nenhum primeiro-ministro de um país com tradição democrática e liberal sobreviveria ao gesto. Em Portugal, pelo contrário, o gesto não é apenas normal; é, suspeita minha, compreendido e apreciado pela selvajaria dos nativos. Os mesmos que sempre tiveram pelo autoritarismo do ‘chefe’ a admiração própria dos escravos. É por isso que, depois de seis anos de abuso e ruína, é precoce decretar o óbito de quem nos enterrou vivos. José Sócrates não nasceu do nada; ele precisou de uma cultura iliberal para crescer e prosperar. E que não se apaga da noite para o dia."


João Pereira Coutinho in Correio da Manhã

4 comentários:

Blimunda disse...

Maus ventos estes trazidos pro J.P.Coutinho, meu caro, maus ventos!

privada disse...

de acordo

Luís Maia disse...

mas este país que critica as insolências de Sócrates e eu também é o mesmo país que acha imensa graça ao soba Alberto João quando fala dos gajos do contenente e também acha que o fariseu Silva esteve muitissimo bem no discurso oposicionista ao governo que por certo Isabel II não faria.
Assim á portuguesa continuamos a assobiar o que faz o adversário e às nossas cores tudo se permite
Ora batatas com diria a nossa amiga mac

choco disse...

batatas nisso.
assino por baixo.