Anda a tropa toda envolvida nas comemorações do 10 de Junho e nas revisitações aos Jerónimos.
Será para recordar que, escassas horas após a assinatura do Tratado de Adesão, um dos protagonistas, Mário Soares, 1º ministro, à época , se demitiu?!
Lêde (como diz o Privada) o que Vasco Pulido Valente tem a dizer sobre a temática:
«De repente, em algumas semanas, caiu o tecto. Mota Pinto, humilhado num Conselho Nacional, abandonou o governo e, para o lugar dele, foi interinamente Rui Machete. Depois, Mota Pinto morreu. E o Congresso do PSD, marcado para a Figueira da Foz, ficou, por assim dizer, sem dono. Que chefe iria produzir aquela desvairada congregação? O enérgico Salgueiro? O coleante Marcelo? Pior ainda? Em S. Bento, o candidato berrava como um possesso. Numa tarde qualquer de Maio, recebi um recado para comparecer urgentemente no futuro «espaço Valbom», um prédio em carcaça com meia dúzia de quartos alcatifados. Lá dentro, rodeado por uma corte fúnebre, Soares tentava não aliviar a raiva, partindo cadeiras na cabeça dos dignitários. Logo que entrei mandou calar a canzoada. Precisava de me fazer uma pergunta, uma pergunta fatídica: «Quem é esse Cavaco?». Pulidamente, inquiri a razão do interesse. A minha vida, oscilando entre a baixa literatura e um alto sentimento, não me permitia seguir com minúcia as peripécias da política partidária. Soares respondeu, atirando-me um jornal por cima da mesa. O jornal informava o público que o Prof. Cavaco Silva fora eleito presidente do PSD. Coube-me, pois, a honra de ser o primeiro a instruir o dr. Mário Soares sobre a natureza da criatura. Registo o profético sumo das minhas palavras: «Não se aproxime dele, não lhe fale, não lhe toque. Não se convença que negoceia com ele. Ele não gosta de negócios, só gosta de contas, e desconfia de si (para pôr as coisas com brandura). Demita-se imediatamente. Informe o país que se fartou das loucuras do PSD e que o PSD quer subverter a ordem e matar os portugueses à fome. Exija eleições. Mas não se meta com o homem.» (Vasco Pulido Valente, Retratos e Auto-Retratos, 1992)
12 comentários:
Eu só teria escrito "polidamente"
Eu também.
O que para aqui vai...
:-)))))))))))))) five stars
Ele podia "polir" o que escreve...
FUNES:
De caras!
MAC:
Idem
ZÉ DO OVO:
Não fazemos por menos...
PRIVADA:
Ça va!
BONIFÁCEO:
Perdia a graça, pá.
Perdia a graça?!
Então lamento, mas o meu sentido de humor é demasiado exigente...
Pois, não lhe acho piadinha nenhuma, a maneira como fala/escreve, para mim é um bocado... reles/ordinária, como os políticos na AR, que trocam ofensas, ele fá-lo como crítico, cronista. o que raio quer que seja. Com o mesmo tipo de linguagem.
Se é bom e até já trabalhou com governantes, então que arregasse as mãos e trabalhe! Porque dizer mal é fácil! Não é preciso ser-se um intelectualóide.
Arregace.
Arre!
oh pá isto está mt fixe, nem sabia ke existiam livros, mas por outro lado estou arrasado, então Pulido Valente a dar palpites aos socialistas? Ou isto é ironia? Fogo... já me deste um nó
BONIFÁCEO:
Não te consegues sintonizar com a realidade, pá.
Qq vulgar mortal pagaria uma fortuna para ter o dom da escrita do VPV.
O "Público", por exemplo, desembolsa umas lecas jeitosas para ter as crónicas dele.
Atina, meu!
PRIVADA:
Tens andado a leste?!?
Nem parecem coisas tuas...
Ainda está para nascer o dia...
Lá porque o Público tem boa fama não significa que tudo o lá venha seja espectacular. Ainda penso por mim e não porque vem no Público!!
"Qulquer vulgar mortal pagaria uma fortuna para ter o dom de escrita": Uma forte gargalhada irónica é pouco, porque aposto que há muita gente e mais inteligente que eu e ligada ao assunto, e já agora respeitosa e todos esses bons atributos, que não pagaria e que terá uma opinião idêntica à minha.
Dizes cada uma... sinceramente!
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